Ao longo dos séculos, os naipes mudaram seus formatos, mas as “cartas com figuras” (ou melhor, com imagens, como valete, rainha e rei) permaneceram quase inalteradas.
Assim como o rei e a rainha, o valete possui histórias e curiosidades interessantes.
Você já parou para pensar que a letra abreviada na carta é um J, quando na verdade, o mais comum seria o V, de valete?

O J se tornou padrão no baralho quando, em 1864, o fabricante americano Samuel Hart substituiu o “Kn” das cartas, que significava *Knabe (em alemão), por uma abreviação mais moderna.
*Knabe (em francês, valet) era um servo real ou empregado subordinado ao senhor da casa, algo muito comum pela nobreza na Europa, século 19.
Samuel utilizou o J de “Jack”, gíria para homem comum ou homem qualquer, de classe baixa, já que “Kn” e “K” de King (rei) eram facilmente confundidos. Assim, a ideia pegou e começou a se espalhar pelo mundo.
- O valete de espadas e o valete de copas são chamados de ‘valetes de um só olho’ ou caolhos; ambos foram desenhados de perfil e apenas um dos olhos fica visível;
- Os valetes são as únicas cartas com imagens que possuem os cabelos coloridos (amarelo). A rainha e o rei tem cabelos brancos;
- O valete de paus é o único que possui uma pena em seu chapéu;
VALETE – 13ª EDIÇÃO / PROJETO 54
Na 13ª edição do Projeto 54, os artistas responsáveis pelos Valetes foram Kosugue, Johanna T. de Souza, Jun Ioneda e Igor van der Laan. Conheça!

KOSUGUE
Karina Kosugue é artista visual, letrista e designer de objetos. Trilhou seu caminho dentro das agências publicitárias, mas o ambiente corporativo e a arte digital não a encantavam mais.
Foi aí que decidiu fazer alguns cursos. Primeiro marcenaria, depois a pintura de letras, marchetaria – e não parou mais. Hoje seu trabalho autoral transforma novas estruturas e superfícies através dos desenhos de filetagem e pinturas de letra popular.
“Quando me dei conta de que essa memória cultural da filetagem estava se perdendo, decidi me dedicar ao resgate desta arte e reintroduzir em nosso cotidiano, adequando a novos formatos e superfícies diversas.”
A técnica traz desenhos abstratos, compostos de traços finos e precisos e cores vibrantes. Karina faz um estudo profundo de combinações para que a palavra ou filete que ela desenha tenha a essência da arte vernacular.
Foi justamente dessa mesma maneira que ela criou o valete de paus para a 13ª edição do Projeto 54.
JOHANNA T. DE SOUZA
A franco-brasileira Johanna lembra de desenhar desde que se entende por gente. Aos 15 anos, entrou numa escola pública de arte em Paris e aos 25, começou a viver do desenho.
Johanna trabalhou para editoras, agências de comunicação e principalmente para revistas infantis. Em paralelo, desenvolvia projetos mais pessoais.
Ela contou que sua carta foi inspirada em uma conversa aleatória que teve com um amigo sobre astrologia, e que geralmente suas ideias surgem assim, de um cena de rua, uma música, uma frase que leu.

“Parece despertar algo dentro de mim e só me resta rabiscar livremente até encontrar uma maneira gráfica de transmitir o que tenho na cabeça”.
A artista separou um deck da 13ª edição para presentear uma grande amiga francesa que costuma tirar cartas há muitos anos. Fred, se prepare que tá chegando um material novo aí !
JUN IONEDA
Artista visual, ilustrador e diretor criativo, Jun Ioneda é quem assina a caixa + verso das cartas da 13ª edição do baralho PROJETO 54. Ele também é responsável pelo J ♠.
Seu trabalho é influenciado principalmente pela cultura japonesa, ficção científica, fantasia e símbolos da cultura LGBTQIA+. Em suas peças, busca despertar reflexões e sentimentos através de imagens que unem bom-humor, nostalgia e misticismo.
O artista gosta de inverter papeis e expectativas em suas criações, de uma maneira em que todos possam entender a mensagem – e quis mostrar este conceito de um jeito muito direto: o valete de espadas foi ilustrado como um valete feito de espada!
“Minha criação partiu da referência do hanafuda, um tipo de baralho tradicional japonês, que conta com temas florais. A ideia me atraiu bastante e foi o gatilho pra que eu pensasse o mood da carta”.
Pra Jun, arte é a maneira como conseguimos estender ao mundo físico o nosso universo interno e pessoal.
IGOR VAN DER LAAN
Desde criança Igor sempre gostou muito de desenhar, mas foi aos 27 anos que decidiu aprender a tatuar. Desde então não parou mais.
Seu trabalho tem como base os estilosblackwork, fineline, microrealismo, dot speed e whip shading. Igor busca inspiração em diversas áreas da vida, assim como nas artes e em outros artistas.
Para o valete de ouros, ele criou uma ilustração que carrega as técnicas características utilizadas em suas tatuagens: microrealismo, sombreamento, ornamentos, detalhes do universo, em união a cor vermelha do naipe.
Como tema, explorou a dualidade, trazendo diferentes possibilidades de narrativas e significados para a carta (emoção e razão, renascimento e morte, real e artificial).

GARANTA O SEU!
O Projeto 54 traz uma variedade infinita de estilos e artes. Além disso, por cada carta ser criada por um artista diferente, já passaram por aqui +700 nomes.
Este ano entrevistamos cada um deles para saber um pouco mais sobre suas inspirações: identidade visual, Ases, Carta 2, Carta 3, Carta 4, Carta 5, Carta 6, Carta 7, Carta 8, Carta 9, Carta 10 e Curingas.
A El Cabriton tem como ideal um mundo com mais arte. A 13ª edição do nosso baralho tem tiragem única, limitada e é impressa pela COPAG.
[…] Na contramão do país vizinho, a Espanha (e parte da Itália), substituiu elas pelos caballeros montados (cavaleiros). Na época, o baralho alemão possuía reis, homens superiores (obermann) e homens inferiores (untermann), excluindo completamente também as rainhas como seus personagens. Alguns registros descrevem que essa foi a atitude que levou à criação do valete. […]
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