Você vai viajar com a família, com os amigos, ou quando reúne a galera, uma das coisas que não pode faltar é o baralho. Quem sabe jogar algo quer demonstrar suas habilidades, blefa, fica animado, e mesmo quem não conhece as regras sempre entra na brincadeira, porque as cartas unem as pessoas.

Mas você já parou para pensar como o baralho surgiu? Parece ser moderno, mas há indícios de que os jogos de cartas tiveram seu início na China da Dinastia Tang, século 9 d.C, com o uso da xilogravura, sem naipes ou números.

Achados mostram que as 1ªs cartas xilogravadas descrevem a princesa Tongchang, filha do imperador jogando um “jogo de folhas” em 868 d.c com membros do clã Wei, a família do marido da princesa. Elas eram “impressas” com instruções ou derrotas por quem as desenhou.

Posteriormente, o 1º exemplar do que se aproxima de um jogo atual foi encontrado em papel-moeda. Simples tiras de papel eram marcadas com conchas, pedras, flechas e ossos, e também usadas em rituais de adivinhação.

Uma carta de baralho chinesa datada de 1400 d.C., Dinastia Ming, encontrada perto de Turpan, medindo 9,5 por 3,5 cm.

No século 11, o baralho se espalhou por todo o continente asiático e mais tarde no Egito. O baralho moderno, com o qual jogamos atualmente poker, bridge, buraco e truco, se popularizou na Europa no final do século 14 (em torno de 1370) trazido pelos mamelucos, soldados da milícia egípcia constituída por escravos turcos que governavam o Egito à época, que mantinham intensa relação comercial com a Itália e Espanha.

Quatro cartas de baralho mamelucas, século 15

Mas foi somente a partir do século 15 que os processos de impressão e fabricação dos papéis propiciou a propagação das cartas em vários países. Da França, o baralho ganhou o mundo e os naipes evoluíram até o que conhecemos como copas, ouros, espadas e paus.

Há quem acredite que o baralho foi inventado pelo pintor francês Jacquemin Gringonneur, sob encomenda do rei Carlos VI de França, em 1392. Gringonneur desenvolveu três conjuntos de cartas do jogo de forma que representassem a divisão da sociedade francesa através de seus naipes, sendo copas o clero; espadas a nobreza; paus os camponeses; ouros a burguesia.

Com um estilo artístico próprio e inconfundível, o chamado Tarot de Gringonneur é uma obra de arte valiosíssima que hoje se encontra no Museu da Biblioteca Municipal de Paris, e possui apenas 17 peças remanescentes. Apesar de não conter nomes e números, as lâminas realmente parecem que pertencem a um baralho de Tarot.

Tarot de Gringonneur, 1392, o mais antigo Tarot que se tem registro histórico

MUDANÇAS NO DESIGN

Muita coisa aconteceu durante todos estes anos até que no século 19, instituiu-se o padrão de cartas francês – esquema universalmente aceito até hoje. Os baralhos passaram a ter 52 cartas e os com menos (22 unidades), ficaram conhecidos como tarots, sendo apenas usados para previsões.

Por volta de 1860, o baralho teve uma mudança no seu design. Os cantos das cartas que se desgastavam rapidamente e revelavam facilmente o que continha, foram substituídos pelos arredondados. Além disso em meados do século 19, jogadores britânicos, americanos e franceses tinham o seu verso em branco. A necessidade de esconder o desgaste e desencorajar a escrita no verso levou os cartões a terem desenhos, fotos, ou até publicidade.

Logo os Estados Unidos também trouxeram o coringa para jogo. Ao contrário de algumas regras que existem há anos no baralho, e por ser uma invenção relativamente nova, o coringa não precisaria ter sua aparência padronizada. A grande variação de desenhos do jocker pelo mundo os transformou em itens colecionáveis.

Imperial Bower, o mais antigo Coringa, por Samuel Hart, 1863. Originalmente projetado para uso específico, contém instruções para os jogadores

DIFERENTES USOS

Um pouco mais à nossa época, em 1976, a JPL Gallery em Londres encomendou um baralho de cartas a uma variedade de artistas britânicos contemporâneos. O sucesso foi enorme.

Nos Estados Unidos, grandes empresas, como a United States Playing Card Company (USPCC), projetam e lançam muitos estilos diferentes de decks de cartas, incluindo os comemorativos e os souvenires.

Você não vai acreditar que cria-se até baralhos em que apresentam fotos, nomes e detalhes de pessoas desaparecidas, como é o caso desse deck na Austrália.

A Biblioteca de Livros Raros e Manuscritos da Universidade de Columbia possui a Coleção Albert Field de Cartas de Baralho que traz mais de 6.300 baralhos individuais de mais de 50 países, dos séculos 16-20. Em 2018, a universidade digitalizou mais de 100 de seus decks para mostrar um pouco dessa evolução.

PROJETO 54

Hoje em dia, há mais centenas de tipos de cartas que envolvem mágica, raciocínio, sorte, e claro, arte! É o caso o Projeto 54 da El Cabriton que está na sua 12º edição!

Todo ano, a El Cabriton convida 54 artistas para cada um desenhar uma carta: o baralho Projeto 54. Já aconteceram 11 edições e ao todo já participaram quase 600 artistas brasileiros que nunca foram repetidos. Detalhe: grande parte das edições anteriores já estão esgotadas!

A versão de 2021 tem um projeto gráfico incrível feito por Diego Carneiro, além das 54 cartas personalizadas, e um card que traz o nome de todos os artistas participantes e qual carta este/esta desenhou. Confira:

♥ – @zonizom
♠ – @greg_smo
♦ – @ariellemartiins
♣ – @katavaflores
♥ – @_monica.barbosa
♠ – @beta.lewis
♦ – @re.cor.te
♣ – @thunderockets
♥ – @shariisy
♠ – @fiore.tattoo
♦ – @hellnv
♣ – @noelodran
♥ – @tatudona
♠ – @mirandaestudio
♦ – @_aimpin
♣ – @rcambraia
♥ – @klein.motion
♠ – @luscassales
♣ – @ritinhaeu
♦ – @letrinhascoloridas
♣ – @brunamaia_estarmorta
♥ – @pedrovinicio80
♠ – @adonadabolsinha
♦ – @andremogle
♥ – @estudioaga
♠ – @ldarumaman
♦ – @ogusmagalhaes
♣ – @danielcucatti
♥ – @znzscps
♠ – @breno.dos.anjos
♦ – @matheustomes
♣ – @gustavogontijoart
♥ – @hana_luzia
♠ – @cartumante
♦ – @maripavanelli
♣ – @marcielconrado
10 ♥ – @Mizzyfk
10 ♠ – @fruchitattoo
10 ♦ – @valmirjrrr
10 ♣ – @olhosdanis
♥ – @tropicowboy
♠ – @meusolhossaocastanhos
♦ – @diegocarneirotype (caixa e design gráfico do projeto)
♣ – @russovisky
♥ – @lela.brandao
♠ – @barbarartes
♦ – @1dinelli
♣ – @sophiandreazza
♥ – @tinasallowicz
♠ – @nayharapacheco.tt
♦ – @sillasmaciel
♣ – @henriquepetrus
CORINGA PRETO – @lovemaltine
CORINGA VERMELHO – @gabrielatornai_

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A 12ª edição do Projeto 54 está sendo fabricada e em breve estará disponível na El Cabriton! Fique de olho!

Fontes: Super Interessante / Wikipedia / Wikipedia Inglês / Guia dos Curiosos

3 respostas para “Uma breve história do baralho até o projeto de cartas mais legal do planeta”.

  1. […] época em que o jogo de baralho se espalhou pela Europa, cada um dos 4 naipes passou a representar as parcelas da sociedade, sendo Ouros – […]

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  2. […] historiadores discutem sobre quem realmente inventou a 1ª carta de baralho. Alguns dizem que foram os chineses, outros afirmam serem os árabes, ou […]

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